terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Reflexões sobre minha geração...



CONSUMIMOS OU SOMOS CONSUMIDOS?

 

        Há poucas décadas o capitalismo evoluiu da ênfase nos produtos para a produção em série, culminando na customização de produtos e serviços tentando satisfazer o consumidor e, conseqüentemente, a voracidade do capital. Em termos objetivos ganhou-se eficiência em todas as áreas da vida material: meios de transporte, eletro-eletrônicos, medicamentos, entretenimento e toda “parafernália” que nos garante conforto, comodidade e, principalmente, a tão almejada “qualidade de vida”.
       Contudo, em função da satisfação material, perde-se a outra face da moeda, a dimensão imaterial: pensar livremente, agir conforme os próprios valores ou até mesmo sonhar. Tornamo-nos uma máquina de consumo programado, onde todos são induzidos a desejar as mesmas coisas. Somos adestrados para viver numa busca incessante dos meios de subsistência, que normalmente ultrapassa a necessidade propriamente dita. O indivíduo bem-sucedido tem um bom emprego, casa, carro, vida confortável e, claro, dividendos sempre ascendentes.
       O sistema dita as regras, impõe valores, normas, comportamentos e cria desejos nos indivíduos. Passamos de sujeitos ativos para consumidores passivos; de objetivo final para um fim em si mesmo. O marketing acaba por descobrir que os desejos humanos são fontes infindas de lucros: “a galinha dos ovos de ouro”. Como um animal que só reproduz o que aprende, temos comportamentos previsíveis e manipuláveis, segundo Skinner. Assim, nesse engodo de agir instintivamente, sem refletir sobre nossas atitudes, chega-se ao ponto de indagar: consumimos para viver ou vivemos para consumir?
       A tônica da vez não é vender objetos, e sim experiências. Descobriu-se que embalar o produto com uma áurea emocional é a garantia da fidelização do cliente. O produto cede lugar a uma infinita gama de significados inerentes à idéia que si faz do mesmo: não se vende mais um carro, mas um conceito de conforto, rapidez e segurança; produtos de beleza são as fontes do rejuvenescimento, ou juventude permanente. Pessoas não compram coisas, mas idéias. Essa nova dinâmica produtiva acaba gerando uma verdadeira revolução social, segundo Habermans:

Conservando, através do trabalho social, a sua vida, os homens criam ao mesmo tempo as suas relações materiais de vida, produzem a sua sociedade e o processo histórico no qual, juntamente com sua sociedade, também os indivíduos se transformam (HABERMANS, 1990, p. 119).

       Sabe-se do caráter inevitável das nossas necessidades: comer, dormir, um abrigo... Porém, não se leva em consideração que a vida social, afeto, carinho, companhia, crenças e desejos são tão essenciais quanto o material. Acaba-se abrindo mão do próprio tempo, das relações interpessoais, do afeto, dos amigos e, principalmente, da família. Esta última, agora se adéqua às condições financeiras, ao egoísmo... o individualismo que o capitalismo inflige tem como conseqüências lares desfeitos, relacionamentos descartáveis. As pessoas são vistas como objetos que, depois de perder a utilidade, são postas no quarto de entulhos.
      A disfunção social gerada pelo capitalismo exacerbado é um reflexo da condição imposta aos que se dedicam em dançar conforme a música. Trabalhamos mais, com menos qualidade de vida, pois escolhemos fazer algo que não traz realização pessoal; economizamos no bem-estar atual visando um futuro tranqüilo; esquecemos da efemeridade da vida e da incerteza do amanhã.

“Por isso desprezei a vida, pois o trabalho que se faz debaixo do sol pareceu-me muito pesado. Tudo era inútil, era correr atrás do vento”
Provérbios. 2:17.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Eleições 2010




O fim de mais uma eleição nos faz pensar um pouco sobre a "democracia" brasileira.
Encontrei hoje (01/11/10) a segunda imagem acima, no orkut de um amigo...
Fiz o seguinte comentário:
'Otima observação, 'amigo'...
Mas a legenda está equivocada!
Deveria ser: menos favorecidos e mais favorecidos...
Por isso o nome Partido dos Trabalhadores.
Chega dessa burguesia "fedida" no poder!!!'
Logo depois do comentário, recebi várias críticas pela observação.

O fato é que, esse ano, despertei da minha apatia política!
Assim como muitos jovens da minha geração eu me entitulava "apolítico"...
Como se fosse a melhor 'coisa' do mundo!
E mesmo com as críticas ferrenhas, agora consigo pensar e me integrar
no cenário político emitindo minhas opiniões.

Confirmo meu posicionamento em relação à figura exposta.
Sim, sabemos das altas taxas de analfabetismo em nosso país...
Não só analfabetismo, mas a pobreza e a marginalização de grande parte
da população brasileira ainda é realidade.
"Ah, não! Mas esses pobres só votaram na candidata de Lula
por causa do bolsa família" exclamam os elitistas...
Se fosse por isso seria muito bom, melhor que acumular a riqueza
do país nas mãos de 10% da população... isso que eu chamo de
distribuição democrática do PIB!!!
Me perdoem os pobres de espírito que ainda se deixam levar pelos marketeiros
políticos, que são muito eficientes (dou minha mão à palmatória).
"Ah, eu li na veja... vi na globo" coitadinhos...

Precisamos da mídia para dizer o que vemos diariamente? NÃO!
É só ser um bom observador para perceber que os oito anos do governo Lula
foram sem precedentes na história brasileira.
Calma aí, eu não sou filiado ao PT e nem pretendo... mas vamos parar com a
"filosofia auricular", reproduzindo o que a mídia cospe em nossos ouvidos.
Milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza...
Vagas de empregos como nunca antes...
A classe média consome como nunca...
Sem falar nos milhões que passaram para esta classe!

Temos problemas, ainda? Claro! Pra dar e vender.
Sem "tapar o sol com a peneira", sei que ainda temos desafios diversos...
Os governos anteriores ao petista preocuparam-se em reformular a máquina
pública para atender interesses da elite e do sistema neoliberal.
E tudo em detrimento da classe baixa...
Mas, mesmo assim 47 milhões de basileiros ainda acreditaram nas lorotas dos
tucanos: "Seremos bonzinhos, vamos dar continuidade ao que Lula começou"
Mentira! Tanto é que no 2° turno mostraram suas garras, começaram a atacar
os governos do PT e abandonaram o discurso de "continuidade"...
Devemos entender que a nossa política é PARTIDÁRIA!!!
O PSDB JAMAIS daria continuidade aos projetos petistas.
Isso se chama "politicagem" e infelizmente é o que ainda vigora no Brasil.

Ainda bem que o povo brasileiro se decidiu pelo que via no cotidiano...
E não pelas falácias dos marketeiros de plantão.
Somos um país mais justo, sem sombra de dúvidas!
Dilma é a melhor opção? Não sei... ou melhor, não sabemos.
Ainda sim, ela representa o anseio da sociedade em continuar o trabalho iniciado.
Se queremos continuar é porque estava indo no rumo certo...
Mudar de rumo seria "burrisse", ou melhor: analfabetismo político!
Sim, podemos ser AINDA, em grande parte, analfabetos funcionais...
Mas, analfabetos políticos...
Isso nós provamos nas urnas que não somos mais!!!

Que Deus abençõe a nossa NAÇÂO!

domingo, 28 de março de 2010

Crente 50%

Agradeço a Deus por sua infinita misericórdia sobre minha vida! Quando afrontados por palavras duras a nossa primeira reação é a defesa. Mas hoje, a exortação que recebi não me colocou na retranca, pelo contrário, recebi de "bom grado". A palavra de 1° Samuel 15 me revelou o tamanho da minha mediocridade, a minha apatia quanto um dito "cristão". Desnudou a minha falta de compromisso e, acima de tudo, a minha arrogância perante a soberania divina.

Como posso me entregar pela metade ao Senhor? Obedecê-lo em algumas áreas e relativizar outras, fazendo somente o conveniente é muito fácil. Soa como se Deus tivesse que se ajustar à minha vida, sendo um mero fantoche que me serve onde acho pertinente. Tenho vergonha de adimitir que sou um reflexo da minha geração. A verdade é que "queremos Deus" até quando Ele não nos atrapalhe, somos a modalidade mais medíocre de "crentes"(no sentido mais pejorativo da palavra): o crente Raimundo, um pé na igreja e um pé no mundo. Hipócritas por opção, cínicos relativistas e egoístas ao extremo. Ando cheio de ser crente 50%.

Sei que tal incômodo não pode ter vindo de mim, o Espírito Santo é que não me deixa sucumbir. Por isso, agradeço ao Senhor por agir em mim, tanto no querer quanto no efetuar. Que esse despertar me dê novo ânimo, e traga consigo a convicção de servo que adore ao Senhor em espírito e em verdade. Assim como Jesus se entregou por completo, creio que Deus também nos quer da mesma forma. Deus continue nos abençoando!


Ah, só me vem à mente uma música de fruto Sagrado...
Acho que ela cabe nessa reflexão.


QUASE

Mais uma vez o mundo mudou de século,
Pra variar quase nada mudou
Porque o quase não muda nada
Por que quase não é nada, meu amor
O quase ainda não aconteceu
Não funciona, não faz diferença
Tá quase lá, tá quase, falta pouco
Termina logo ou vão passar o rodo
Quase pode ser a derrota
A impotência, a estrada torta
Pode não acontecer nada
Como nadar e morrer na praia
Quase chega sempre atrasado
Ele não vence, não é exato
É patético, é lamentável
É a desculpa dos fracassados

Quase não satisfaz
Não satisfaz ninguém
Quase não satisfaz ninguém

Quase não é
Ainda não existe
É incompleto é inacabado
Não terminou, por isso é quase
Faça sua escolha antes que o tempo acabe
Não existe quase homem, quase mulher
Quase santo, quase livre, quase sal
Não existe quase virgem, quase fiel
Você é quase humano ou um animal?

Não existe quase sorte
Não existe quase gol
Não existe quase morte
Não existe quase rock'n roll
Só o medíocre gosta do quase
Porque o medíocre é quase alguém.


Murilo Guimarães
29/03/10

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Exposição

Não consigo escrever o que penso!
Isso que você lê agora é fruto de
Milhares de filtros mentais que se
Sublimaram em palavras mixurucas,
Quase sempre sem pureza de pensamento
Com medo do vosso entendimento.

Apego-me em regras gramaticais,
Rima e metragem me assombram –
Certo que a pobreza de vocabulário
Também é um grande entrave –
Mas não justifica o meu posicionamento
Como receptor, imaginando qual reação
Despertar – como se eu fosse capaz de tal façanha.

Se você chegou até aqui deve pensar:
“Ele escreveu isso pra que, pra quem, por quê?”
(Olha eu especulando novamente a sua reação)
Consideremos cada uma dessas palavras
As mais inúteis que você já leu em toda vida!
Agora reconsidere ao menos
A vontade de tentar escrever,
Tão somente para materializar pensamentos.

De qualquer forma, independente do
Que você vai achar,
(Resolvi agora que estou pouco me
Importando com isso)
Escrevo, pelo menos tento,
Pra aliviar a mente, por achar que me faz bem,
Ou passar o tempo talvez.
Descobri, na verdade aprendi, que pensamentos
Se desembaraçam passando pela ponta do lápis...

E de quando em vez, sai algo
Verdadeiramente espontâneo:
Ao reconsiderar tudo que me vem à mente,
Exponho um personagem por temer
Revelar-me a outrem
Esse negócio de escrever me
Deixa muito a vista,
A mercê de pensamentos diversos,
De conclusões sobre minha figura.

Por enquanto continuo
Escrevendo o que acho que soará
Melhor pra quem me lê...
Uma máscara com muitas rachaduras,
Às vezes até mais expositiva que a própria face.


Murilo Guimarães
30/12/2009

Incertezas

Tudo em mim se apavora.
Há um arsenal de medo em minha alma
O que pensarão de mim, ou o que dirão?
Serei bem-sucedido:
Na carreira, nas finanças,
Na busca pela mulher ideal?
Por que esses medos me consomem?
Será que farei o que gosto,
Ou terei que gostar do que faço?
E se em algum ponto eu não mais gostar?
E quando quiser mudar será que aprenderei a gostar?
Por que não faço o que quero?
O coração é tão enganoso assim?
Acho que devo fazer somente o que me mandam!
Tenho horror de me perder no caminho,
Sei que será difícil pedir informações pra achar o caminho “certo”.
Bom seria se tivesse duas vidas,
E pudesse saber tudo que passou na vida anterior,
Para não mais correr o risco de errar,
E nem temer futilidades.

Deixa-me pensar...

Insuportável, seria uma lástima!
A vida toda certinha, bem regrada
Vivendo de escolhas certeiras
Como um robô programado pra ser “feliz”
Será que esse meu conceito de felicidade
Provém da vontade de realizar tudo que me foi imposto?
E se alcançasse tudo que almejo?
Será que a completude me preencheria?
Devo ser feliz para os outros,
Ou buscar meus sonhos e fazer o que quero?

Em fim, algumas exclamações em meio a tantas dúvidas:

Farei o que achar melhor,
Com a permissão de não acertar sempre!
Pensando no que me faz bem!
Claro, sem descartar bons conselhos...
É isso:

A imprecisão deve ser o tempero da vida,
Uma incansável busca pela plenitude!

“Navegar é preciso, viver não é preciso!”

Murilo Guimarães
30/12/2009

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

EVOLUIR

Sou encorajado por tudo que se pode
Reestruturar
Reorganizar
Reinventar
Revalidar
Reiterar
Refazer
Reviver
Instigado por tudo que tenha espaço para
Recomeço
Tudo que não seja passível de mudanças
Retrai
Ser algo completo é mais do que
Retaliar
Novas possibilidades, é não querer se desenvolver
Reprimindo-se
O meu espírito não aceita estagnar, ele
Recusa
Tudo que deixa de estimular o crescimento:
Retroceder
Procurando nos dogmas novos horizontes para uma
ReEvolução
...
Murilo Guimarães
01/10/2009